Tratamento de água x potabilidade: Qual é a diferença?

A água é um recurso vital para a vida e para inúmeros processos industriais. No entanto, para ser utilizada com segurança, seja para consumo humano ou em atividades industriais, ela precisa atender a critérios específicos de qualidade. Nesse contexto, dois conceitos frequentemente confundidos entram em cena: tratamento de água e potabilidade. Embora relacionados, esses termos não são sinônimos e representam etapas distintas dentro da cadeia de fornecimento de água segura. Compreender a diferença entre tratamento de água e potabilidade é essencial para profissionais da indústria, gestores ambientais, técnicos em saneamento e para toda a sociedade que depende do acesso a água de qualidade.


O que é tratamento de água?

O tratamento de água é um conjunto de processos físicos, químicos e biológicos aplicados para remover impurezas da água captada em mananciais — como rios, lagos, poços e represas — tornando-a adequada para o uso a que se destina. Dependendo da finalidade, os padrões de qualidade exigidos podem variar, influenciando diretamente na complexidade do tratamento.

Para o abastecimento público, por exemplo, o objetivo do tratamento é tornar a água potável, ou seja, segura para o consumo humano. Já em ambientes industriais, o tratamento pode ser direcionado à remoção de minerais específicos, ajuste de pH ou redução de carga orgânica, sem necessariamente atender aos critérios de potabilidade.

Os processos mais comuns em uma Estação de Tratamento de Água (ETA) incluem a coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção. Adicionalmente, podem ser aplicadas etapas como correção de pH, remoção de dureza, fluoretação e adição de inibidores de corrosão, conforme as características da água bruta e o objetivo final do tratamento.


O que é água potável?

A água potável é aquela que atende a um conjunto rigoroso de parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e radiológicos estabelecidos por legislações sanitárias. No Brasil, o principal marco regulatório que define os critérios de potabilidade é a Portaria GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021, do Ministério da Saúde.

Segundo essa norma, a água potável deve ser isenta de contaminantes que possam representar risco à saúde humana. Isso inclui ausência de microrganismos patogênicos, como coliformes fecais, concentração controlada de substâncias químicas potencialmente tóxicas (como metais pesados e agrotóxicos), e características sensoriais como cor, odor e sabor dentro de padrões aceitáveis.

Portanto, nem toda água tratada é necessariamente potável. Para que seja considerada segura para consumo, ela precisa ser submetida a um controle rigoroso, com análises laboratoriais constantes e comprovação do cumprimento dos limites estabelecidos pela legislação.


As exigências da Portaria GM/MS Nº 888

A Portaria nº 888/2021 substituiu a antiga Portaria nº 2914/2011, modernizando os padrões de qualidade da água para consumo humano no Brasil. Ela estabelece critérios técnicos mais atualizados, além de reforçar a obrigatoriedade de monitoramento contínuo.

Entre os principais pontos da norma, destacam-se:

  • Desinfecção contínua: a água distribuída deve conter, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre, garantindo sua proteção contra contaminações até o ponto de consumo.

  • Parâmetros microbiológicos: a água deve estar livre de Escherichia coli e coliformes totais.

  • Parâmetros físico-químicos: são controladas características como turbidez (máximo de 5 UNT), pH (entre 6,0 e 9,5), cor aparente, além da concentração de compostos como nitratos, fluoretos, metais pesados, solventes e agrotóxicos.

  • Radiologia: a norma também estabelece limites para radionuclídeos naturais e artificiais.

  • Frequência de monitoramento: os responsáveis pela distribuição devem coletar e analisar amostras da água em intervalos regulares e elaborar relatórios técnicos de conformidade.

Essas exigências são válidas para sistemas públicos, soluções alternativas coletivas e individuais, além de carros-pipa e demais formas de abastecimento eventual.


Diferença entre tratamento de água e potabilidade

A principal diferença entre os dois conceitos está no objetivo final. O tratamento de água é um processo, enquanto a potabilidade é uma condição a ser alcançada. Em outras palavras:

  • Tratamento de água: refere-se às etapas aplicadas para melhorar a qualidade da água bruta, dependendo do uso final (potável, industrial, agrícola etc.).

  • Potabilidade: representa o cumprimento de critérios sanitários e legais que qualificam a água como própria para o consumo humano.

É possível tratar uma água para reduzir turbidez, controlar pH ou remover compostos orgânicos, mas, se ela ainda apresentar coliformes ou metais em concentrações superiores às permitidas, não será considerada potável. Assim, o tratamento é uma ferramenta para alcançar a potabilidade, mas não garante, por si só, que ela será atingida sem o controle e o monitoramento adequados.


A importância do controle da qualidade da água

O controle da qualidade da água envolve etapas contínuas de coleta, análise laboratorial, ajuste de parâmetros e documentação técnica. Em sistemas de abastecimento, esse processo é fundamental para prevenir surtos de doenças de veiculação hídrica, como hepatite A, cólera e giardíase.

Nas indústrias, o uso de água tratada — ainda que não potável — precisa seguir padrões específicos, principalmente em setores como o alimentício, farmacêutico, de bebidas e cosméticos. Nesses casos, a água entra diretamente na composição do produto final, o que exige protocolos rigorosos de segurança e rastreabilidade.


Com ampla expertise em especialidades químicas, consultoria técnica e soluções personalizadas para o tratamento de água e efluentes, a GR Water Solutions oferece suporte tanto para o setor público quanto para o setor industrial.

A atuação da GR vai além do fornecimento de produtos químicos: envolve diagnóstico técnico, definição de parâmetros de tratamento, otimização de processos, o que permite que empresas e municípios tenham segurança, eficiência operacional e sustentabilidade em suas operações com água.

Compreender a diferença entre tratamento de água e potabilidade é indispensável para garantir a segurança hídrica e a saúde pública. O tratamento é o caminho; a potabilidade, o destino. E para chegar lá, é preciso combinar tecnologia, conhecimento técnico e rigor na aplicação das normas.

Aprofunde-se também no nosso artigo sobre o Marco do Saneamento, que aborda as mudanças regulatórias que impactam diretamente a atuação industrial. Leia aqui!

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